Diário on line, 02 de setembro de 2007
Isis Mastromano Correia
Especial para o Diário
Os recentes ataques envolvendo cães da raça pit bull deram margem a um fenômeno de abandono desses animais nas ruas e centros de zoonoses.
Na região, houve aumento no registro de recolhimento desse tipo de cachorro em duas das sete cidades.
Em Mauá, somente nos primeiros sete meses deste ano foram 67 os pit bulls doados ou recolhidos pela Divisão de Controle de Zoonoses contra 49 no mesmo período do ano passado.
O responsável técnico da profilaxia da raiva do Centro de Controle de Zoonoses de Santo André explica que se tornou visível o aumento de cães da raça abandonados na cidade, principalmente depois do ataque ocorrido em Ubatuba, em 13 de agosto, que culminou na morte de uma menina de 4 anos e do acidente com a garota Luana, de 6 anos, em Santo André, há dez dias.
“Recolhemos em média 110 pit bulls no ano passado. Este ano já foram pelo menos 65”, diz João Francisco Colombo.
Em São Bernardo não há controle de entrada de animais por tipo, mas, neste ano, já foram dez os pit bulls recolhidos pelo canil, número considerado alto para cachorros de raça definida.
A atitude de renúncia à raça geralmente tem um final trágico para o cachorro. “Não posso colocar para doação. Se a pessoa nos entrega dizendo que ele é uma arma, não posso repassar essa arma para outros”, diz o técnico da Zoonoses de Santo André.
O resultado disso é que, se o dono não mudar de idéia e resgatar o animal no canil, o cachorro é sacrificado.
“Pela minha experiência, 80% dos pit bulls que entram aqui são dóceis. Por isso, muitos inocentes podem morrer”, completa Colombo.
O zootecnista e comportamentalista de animais Alexandre Rossi explica que há linhagens dóceis e agressivas da raça. Ele observa um importante fenômeno quanto ao abandono dos mais bravos.
“Soltas nas ruas, as linhagens mais agressivas vão acabar cruzando com outros cães. Os vira-latas passarão a ser maiores e mais agressivos com os homens”, acredita Rossi.
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